A ascensão do “professor influenciador” é um bom exemplo de como a cultura digital está causando mudanças na Educação. Ela ilustra uma revolução que poucos especialistas poderiam ter previsto 20 anos atrás.
Em um artigo recente publicado no Sydney Morning Herald, é possível ver uma boa ilustração das tendências recentes. Nele, descreve-se o crescente número de professores do ensino fundamental usando o Instagram para mostrar suas salas de aula para um público mais amplo.
Exemplos como esses destacam o fenômeno de uma nova geração de docentes que agora são verdadeiras “microcelebridades” dentro do mundo da educação.
Em termos de internet, esses são indivíduos “edu-famosos” com dezenas de milhares de seguidores.
Será que isso é bom? Será que problemas novos vão surgir a partir desse fenômeno?
Ainda é cedo para se fazer previsões. No entanto, já é possível verificar alguns benefícios e alguns pontos críticos.
Continue lendo para entender!
Os benefícios de ser um professor influenciador
As vantagens são amplamente conhecidas, e podem ser assim resumidas:
- capacidade de levar conhecimento a um amplo número de alunos nos mais diversos lugares, em qualquer horário;
- conforto de trabalhar de casa;
- prestígio público, uma vez que a “sala de aula” ganha uma esfera cada vez mais ampla de espectadores;
- oportunidades de receber patrocínios de marcas interessadas em divulgar produtos e serviços relacionados à educação;
- e por aí vai.
Alguns cuidados que os professores online devem tomar
Entre os cuidados a serem tomados por quem quer ensinar online, destacam-se:
- Atenção para não assumir muito trabalho. Afinal, as atividades de mídia social são realizadas em conjunto com a manutenção de empregos de ensino em tempo integral. Os professores reclamam, com razão, de ter muito pouco tempo.
Passar horas extras todos os dias criando conteúdo e mantendo a presença online pode prejudicar o desempenho na sala de aula “real”.
- Em segundo lugar, enquanto os professores sempre “compartilharam” recursos e dicas de sua própria prática com outros, pode-se argumentar que a mídia social está mercantilizando o trabalho dos docentes de maneiras potencialmente problemáticas.
Eles estão produzindo recursos de ensino que melhor se adaptam às suas próprias aulas ou estão produzindo “conteúdo” que acham que funcionará bem com seu público online? É muito importante refletir sobre isso.
- Também é uma tática bem conhecida no setor de tecnologia educacional inscrever professores de alto nível para serem afiliados a seus produtos — como embaixadores e defensores de aplicativos específicos.
Muitos desses esquemas são bem-intencionados, mas alguns são projetados para que os professores incentivem os colegas a inscrever outros colegas para adotar um aplicativo ou software específico.
Essas iniciativas de influenciadores podem ser vistas como meios modernos de divulgação de boas ideias e novas práticas, ou uma forma de mídia social de venda em pirâmide. De qualquer forma, tais atividades precisam ser melhor reconhecidas e discutidas.
- Finalmente, também podem ser levantadas preocupações sobre os efeitos a longo prazo no bem-estar e na saúde mental dos professores.
Como foi destacado em casos recentes de YouTubers e Instagrammers de alto perfil, pode haver sérias repercussões na saúde mental ao atingir um nível moderado de celebridade na Internet.
- A pressão para continuar produzindo conteúdo, aumentando o número de seguidores e mantendo a ilusão de ser uma inspiração “sempre ativa” para os outros, está se mostrando demais para alguns.
Embora esse tipo de trabalho online possa parecer glamuroso e divertido, é cada vez mais reconhecido como um trabalho difícil, emocionalmente desgastante e até exaustivo.
Em resumo, a atuação do professor influenciador precisa de atenção
Tudo isso não é para argumentar que os professores se retiram completamente das mídias sociais. No entanto, parece sensato que seja dada mais atenção às consequências a longo prazo dessas tendências.
A variedade de maneiras pelas quais os professores podem se promover por meio das mídias sociais até agora se desenvolveu “sob o radar” dos estabelecimentos de ensino. De muitas maneiras, essa qualidade underground é o que atrai milhões de professores para se envolverem.
No entanto, muitas das questões que acabamos de esboçar tocam em preocupações significativas, como a comercialização da educação pública, a exploração de professores, questões de excesso de trabalho e esgotamento.
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