As crenças dos professores estão entre as peças centrais de todos os esforços para melhorar a aprendizagem dos estudantes. E isso é especialmente verdade quando se trata da implementação de abordagens que elevem as habilidades socioemocionais.
Pesquisas indicam que o sistema de crenças dos educadores tem influência significativa na medida em que eles adotam novas práticas de ensino e disciplina ou um novo currículo. Consequentemente, influenciam a forma como ensinam e como seus alunos aprendem.
Sobre isso vamos te ajudar a refletir ao longo deste artigo. Continue lendo para entender!
Por que as crenças dos professores são importantes
A maioria dos educadores concorda que as filosofias educacionais e as crenças sobre o ensino desempenham um papel significativo nas decisões de prática e disciplina. E influenciam a forma como as relações professor-aluno são construídas.
Além disso, há estudos convincentes que sugerem que as crenças dos professores são centrais para determinar seu comportamento real, reverberando especialmente no desenvolvimento socioemocional dos estudantes.
Por exemplo, imagine que um docente acredita que o baixo desempenho de um aluno é devido à falta de habilidades e não à sua personalidade. Ele estará mais propenso a mudar as práticas de ensino do que a julgar o estudante por sua não participação.
O que são as crenças dos professores
Desenvolver definições úteis sobre crenças que conectam teoria e prática é um passo importante para apoiar professores que buscam alinhar suas atividades de ensino a um conjunto de crenças claramente nomeadas e definidas; que correspondam à implementação da aprendizagem social e emocional, conforme uma revisão de literatura feita por pesquisadores australianos.
Agora, a que nos referimos quando falamos em “crenças dos professores”?
“Uma crença é uma proposição que pode ser mantida consciente ou inconscientemente, e é valorativa na medida em que é aceita como verdadeira pelo indivíduo. Portanto, está imbuída de compromisso emotivo; além disso, serve como guia de pensamento e comportamento”, diz Borg (2001, p. 186).
Na prática, as crenças dos professores são um conjunto de princípios, suposições, valores e convicções que eles mantêm como verdadeiros em relação aos alunos, à sala de aula, ao sistema e aos conceitos educacionais.
Também no que se refere à base curricular, à tradição pedagógica e à disciplina ministram.
Esse sistema de crenças orienta e informa os pensamentos dos educadores, suas ações e comportamentos. Ele constitui a base para a tomada de decisões e ajuda a classificar, organizar e priorizar informações e iniciativas.
8 crenças dos professores que apoiam a aprendizagem social e emocional
Com base nas pesquisas citadas anteriormente, reunimos aqui oito crenças dos professores que podem influenciar positivamente como seus alunos aprendem, em especial em termos de desenvoltura socioemocional. Confira!
1. A natureza da aprendizagem
A crença de que a aprendizagem se baseia no conhecimento prévio é facilitada pela escolha e pela compreensão do contexto e dos interesses dos alunos.
Ela se torna transferível para um novo contexto quando há ênfase no processo e no resultado.
2. A aprendizagem social e emocional
A crença de que o currículo socioemocional tem o mesmo peso que o currículo acadêmico básico.
E que a aprendizagem socioemocional inclui ambientes escolares que apoiam o desenvolvimento de habilidades.
3. O propósito da Educação
A crença de que o propósito da educação é construir nos alunos uma consciência social e um forte senso de identidade. Além de cultivar as atitudes e disposições de boa cidadania; e ensinar a participação no processo democrático.
De que a educação deve fornecer novas experiências e abrir janelas para que os estudantes vejam e busquem um futuro brilhante para si mesmos, suas famílias e seus entornos.
E de que o propósito da educação é permitir que os alunos leiam, falem, escrevam e ouçam bem; trabalhem bem com números e tecnologia; pensem, raciocinem, admirem e sejam curiosos.
E mais: apreciem e valorizem a arte, a cultura, o movimento e o atletismo; e saibam gerir-se e cooperar bem com os outros.
4. As condições para aprender mais e melhor
A crença de que os estudantes aprendem melhor em ambientes de altas expectativas que são centradas neles; que sejam responsivos ao desenvolvimento, academicamente desafiadores e seguros para cometer erros e superá-los.
5. As condições para um ensino eficaz
A crença de que o ensino é mais eficaz quando as aulas são planejadas e projetadas com o conhecimento dos alunos.
Também que elas incluem práticas e estratégias baseadas em evidências, objetivos de aprendizado e atividades instrucionais diretamente relacionadas às expectativas do que eles devem saber e ser capaz de fazer.
6. O papel da escola e do ambiente de sala de aula
Acreditar que a escola e a sala de aula são uma comunidade à qual todos os estudantes pertencem, podem operar de forma autônoma e responsável; sentir-se representados, acolhidos e aceitos.
7. O objetivo da disciplina
A crença de que o objetivo da disciplina é ensinar os alunos a controlarem-se e a escolher um comportamento social e moralmente responsável porque é a coisa certa a fazer, não por medo de punição ou esperança de recompensa.
E de que ensinar aos alunos autodisciplina e autocontrole desenvolve habilidades de definição de metas, resolução de problemas e pensamento crítico. Ajudando-os a se tornarem bons cidadãos que exibem comportamentos pró-sociais e demonstram respeito por si mesmos, pelos colegas e pela sociedade.
8. A bondade das intenções e dos motivos dos alunos
A crença de que os educadores devem manter e comunicar expectativas positivas para todos os estudantes, incluindo aqueles que podem ter valores diferentes dos deles.
Além disso, a crença de que os comportamentos problemáticos resultam de necessidades não atendidas ou falta de habilidades — não do caráter do aluno, dos antecedentes familiares ou da simples intenção de causar danos.
Resumindo
O sistema de crenças dos professores tem relação direta com a forma que seus educandos assimilam conhecimento e agem a partir disso. Não significa, é claro, que tudo depende dos educadores, mas as pesquisas sugerem que há grande influência da forma de pensar deles no sucesso de iniciativas voltadas para o desenvolvimento socioemocional.
Este é um tema sobre o qual os docentes e dirigentes de instituições de ensino devem se debruçar um pouco mais. Por isso, esperamos que este pequeno artigo tenha servido para despertar o interesse trazendo uma reflexão inicial.
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